terça-feira, 28 de agosto de 2007

América Doente


Aqui Bruno. Assisti ontem o novo documentário do polêmico Michael Moore, Sicko. O filme segue a tendência de Tiros em Columbine e Fareinheit 11 de Setembro ao criticar o Partido Republicano e o Presidente Bush. Dessa vez o caminho foi através do sistema de saúde americano.

Moore não tem dificuldades e não poupa esforços para escancarar o problema, uma vez que o sistema é claramente corrompido e cheio de falhas abusivas. O cineasta pode ter alguns defeitos, como ser egocêntrico e manipulador, mas ele sabe como ninguém usar as informações que tem. É revoltante ver o tratamento que diversas pessoas receberam dos planos de saúde. Num exemplo, o filme mostra um homem que teve dois dedos amputados e só poderia pagar por um deles, tendo que fazer a terrível escolha.

As entrevistas que o cineasta faz com as pessoas que trabalharam para essas empresas também são muito interessantes. Elas mostram o quão podre e mesquinhas as Medicares da vida podem ser apenas para lucrarem mais. Quando vemos uma médica dizendo que através de sua assinatura condenou diversas pessoas à morte, é impossível não se revoltar, pois tais pessoas morreram apenas porque o tratamento era "caro demais" para o plano arcar.

Outro fator interessante no filme é quando Moore mostra as diferenças gritantes entre o sistema de saúde americano e o europeu. Enquanto no primeiro eles negam atendimento, no segundo eles atendem de graça e até restituem em dinheiro o paciente que precisou pegar um táxi. Num caso específico, nos E.U.A uma criança com febre alta (e consequente parada cardíaca) morreu por não ser atendida num hospital. O plano não autorizou o atendimento e a mãe afirma ter implorado para os médicos examinarem sua filha, o que foi negado. Na França uma criança com o mesmo problema foi internada e acompanhada por vários dias.

Porém o toque de genialidade de Moore estava guardado para o ato final. Ao constatar que os prisioneiros da Base Militar Americana de Guantánamo, localizada em Cuba, tinham um tratamento médico melhor do que os americanos, o cineasta reúne vários doentes que apareceram durante o filme (inclusive pessoas que ajudaram nos atentados de 11/9 e foram abandonadas) para receber tratamento em Cuba, que obviamente os acolheu da melhor maneira possível. Uma crítica ácida onde os "inimigos" cuidam dos americanos melhor do que seu próprio governo. Michael Moore sabe o que faz. E que venha o próximo. Se ele visse o problema no Brasil...

Em tempo: Sicko ainda não teve data de estréia definida nos cinemas nacionais.

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